David Houana

NOME: David Almeida Francisco Houana

INSTITUIÇÃO: Universidade Eduardo Mondlane

CURSO: Teatro

LOCAL MOBILIDADE: Universidade Federal do Pará, Brasil

PERÍODO EM MOBILIDADE: 07.2021 a 02.2022

 O David Houana escolheu a Universidade Feral do Pará para fazer mobilidade durante um semestre pois o curso de teatro é lecionado há mais tempo em Portugal e Brasil, comparativamente a Moçambique, e o estudante queria ter oportunidade de aprender com quem tem mais tempo de experiência na área dramática, com professores das áreas da cenografia, da encenação, dramaturgia, atuação e na aplicação da luz e som no teatro.

Esta mobilidade foi o realizar de um sonho: “desde criança que sonhava em estudar numa universidade internacional de grande porte que tenha qualidade de educação aceitável a nível mundial. Durante a adolescência, participei em vários fóruns onde debatia assuntos como feminismo, homossexualidade, meio-ambiente, artes e sensibilidade artística.”

Antes de fazer mobilidade, o David já era ator do centro de recriação artística, participou em pequenas publicidades e na faculdade era assistente da cadeira de História do Teatro Clássico e Moderno. David escrevia pequenas peças para serem apresentadas na rádio sob forma de rádio novelas. Com a mobilidade, esperava enriquecer o seu espírito empreendedor e inovador e replicar isso a curto e longo prazo, criar a auto-sustentabilidade, desenvolver a economia de Moçambique através do teatro (criando uma economia criativa e focando-se em replicar a contemporaneidade).

Atualmente o David tem vários projetos a decorrer. Acabou a sua licenciatura e espera conseguir fazer o mestrado em Portugal, ou novamente no Brasil, para ampliar os seus conhecimentos.

Apresentamos aqui o testemunho do David.

TESTEMUNHO

Tive oportunidades de ver os espetáculos Paraenses com toda a sua teatralidade, ferocidade, alma, espiritualidades e técnica, – tais experiências ficam na memória e são de grande valor. Os paraenses não vêem a personagem do Teatro como personagens, mas sim como divindades que nascem, crescem e contam uma história.

Participei do projeto de extensão Ubuntu Amazónicas coordenado pela Professora Dra. Cláudia Gomes do Socorro da Silva. Este projeto visa educar e emancipar as mulheres Amazónicas através dos princípios de Paulo Freire e Augusto Boal onde o processo se desenvolve entre vivências e palavras. O programa Ubuntu Amazónicas através do Teatro e a cidade, levou peças de teatro para as comunidades carentes de Belém do Pará.

Tive um aproveitamento Excelente em todas as disciplinas feitas durante a mobilidade AULP, ou seja, obtive entre 90 e 100% de avaliação. Escrevi críticas teatrais onde publiquei no maior site de críticas do estado do Pará e por conseguinte um dos maiores do Brasil, a Tribuna do Cretino. Com isto, a curto prazo irei implementar os estudos do Teatro moçambicano sobre o ponto de vista crítico com a finalidade de gerar progresso através da reflexão sobre a arte dramática, esses estudos poderão colocar Moçambique no mapa mundial das artes, através das publicações que serão feitas numa página e revista digital a se criar em Moçambique A longo prazo pretendendo criar uma rede de profissionais do Teatro especializados na reflexão do Teatro e na escrita de críticas e teorias sobre o teatro.

Participei de debates de cunho social onde se falava das diferenças e semelhanças de se sentir na África e no Brasil, aqui expliquei os factos sócias de acordo com a minha área de pesquisa O Teatro, visto que esse é um espelho da vida e busca entender as ações humanas.

Participei da oficina sobre o teatro de bonecos gigantes orientados pelo professor mestre Aníbal Pacha onde aprendi a confecionar bonecos gigantes. No final da oficina apresentei a peça o Príncipe uma adaptação da peça o pequeno Príncipe na Escola Estadual essa peça é resultado da pesquisa do projeto de bonecos gigantes, participei também do Auto do Cirio.

Nesta oficina aprendi que a interpretação das coisas sai de nós, a coisa é objeto com toda potência da existência do mundo, tudo que esta fora da coisa tem significado, neste contexto tudo a nossa volta pode servir ao teatro de forma próxima ou longínqua, quer pelas memórias, adequação física ou pelo simples facto de acreditarmos nestas coisas, o fundo do Teatro é enganar o público com a finalidade de gerar um ato subversivo e interventivo que soa verídico.

Orientei uma oficina de danças moçambicanas. A apresentação da oficina de dança se enquadrou no contexto da troca cultural entre Brasil e Moçambique, e a aprendizagem sobre a cultura africana, e vice e versa.

Neste intercâmbio nasceu a minha Dragqeen a Maçaniqueira tão fruto da experiência de se envolver com a arte demonia, tendo como indutor o professor Doutor Adriano Furtado, onde se demoniza o sistema opressor através do poder desestruturador da arte no opressor. Aqui eu tive coragem de me revelar homossexual sem inseguranças, vesti a camisola da comunidade contei a minha própria história pela arte. A Maçaniqueira é inspirada nas maçanicas da terra e no Brasil fez parte do movimento themonias, ela é uma persona (entidade), contudo poderei ter contribuições plausíveis dentro da comunidade LGBT.

A implementação das experiências colhidas no intercâmbio irão criar um ambiente favorável para a evolução e internacionalização das artes em Moçambique. O intercâmbio foi de grande valia. Fiz vários amigos, estabeleci contactos interpessoais e interculturas, provei novos sabores, senti novos cheiros, dancei carimbo, tomei o açaí, provei o tacacá, a cachaça de jambu, a maniçoba. Vi que o mundo tem várias cores.