Justino Neves

NOME: Justino Neves

INSTITUIÇÃO: Universidade Pedagógica de Maputo

CURSO: Artes Cénicas (Teatro)

LOCAL MOBILIDADE: Universidade Federal de Uberlândia, Brasil

PERÍODO EM MOBILIDADE: 07.2021 a 11.2021

 O Justino escolheu o Brasil, mais concretamente a Universidade Federal de Uberlândia, para fazer mobilidade durante um semestre académico. Em plena pandemia, os desafios foram bastantes, mas a vontade de sair da sua zona de conforto e conhecer um novo país, uma nova cultura, outros artistas e professores, superou os constrangimentos encontrados: eu sabia que participar no Programa Mobilidade AULP “enriqueceria a minha bagagem prática, teórica, e pedagógica, pois vejo nas matrizes dos cursos de teatro/artes cénicas das instituições brasileiras, uma forte componente psicopedagógica, o que seria muito valoroso para mim como futuro professor de teatro, dado que, traria mais subsídios, mais valências, mais competências e conhecimentos adquiridos numa outra realidade, em relação ao fazer teatral”.

Atualmente o estudante quer seguir os estudos para mestrado e doutorado fora do país, no ramo das Artes (teatro comunitário). Procura uma nova oportunidade para conseguir estudar fora do seu país. Ambiciona ser docente universitário, criar uma associação cultural e publicar livros nos diferentes géneros literários como (literatura dramática, romance, poesia, contos infantojuvenis e para adultos e livros de cunho científico): “a mobilidade serviu para galvanizar ainda mais estes desejos, através do contacto com várias obras, diferentes métodos e abordagens de ensino e acima de tudo a interação com outros colegas num país estrangeiro, isso ampliou ainda mais os meus horizontes. A bolsa AULP-PROCULTURA ajudou-me bastante, graças a ela tive uma mobilidade cómoda, uma estabilidade tal que só me preocupava com os cadernos. No Brasil eu gostei muito da facilidade em adquirir livros, eu amei bastante isso, até hoje ainda reverbera em mim. Gostei também do estímulo que se dá a pesquisa através de programas extracurriculares”.

Deixamos aqui o testemunho do Justino Neves, que quer ser um exemplo para futuros estudantes de candidatarem.

Participar na mobilidade académica com uma bolsa AULP-PROCULTURA foi a experiência mais marcante da minha vida enquanto estudante. A Universidade Federal de Uberlândia, instituição que me acolheu no Brasil, recebeu-me com muito carinho, e foram criadas todas as condições para a minha integração, o que permitiu com que eu tivesse um aproveitamento excelente em todas as componentes curriculares. Ao Programa Mobilidade AULP só tenho a agradecer por este privilégio, que me concedeu a mim e a outros estudantes da Universidade Pedagógica de Maputo. Estudar fora do meu país de origem abriu os meus horizontes como estudante e também como jovem criativo, tanto é que estou num processo de legalização de uma associação cultural para dar prosseguimento aos conhecimentos adquiridos durante a mobilidade no Brasil, para beneficiar a minha comunidade (Distrito da Namaacha). Ademais, faço votos para que o programa perdure por mais anos e mais estudantes tenham essa oportunidade.

PROGRAMA MOBILIDADE AULP – UM MEIO DE CRIAÇÃO DE NOVOS PROJETOS

Essa oportunidade sobretudo se consubstancia com o projeto de criação de um grupo profissional de teatro, denominado (Kuphulukaque vem do xironga- uma das línguas bantu, faladas no sul de Moçambique que significa: “dar à luz ou nascer”), projeto este, por mim desenhado para ser implementado no distrito da Namaacha, minha terra natal, uma pequena vila que dista a 72km da cidade capital. Esta experiência foi uma verdadeira força motriz para melhor lograr esse intento, tendo em vista que, a realidade das instituições brasileiras, não é de se comparar com as nossas, em termos de infraestruturas, oficinas para práticas teatrais, equipamentos, número de docentes, número e diversidade de cadeiras, número de anos em que o curso vem sendo lecionado, em fim é uma infinita gama de recursos, que muito bem capitalizados podem tornar-me num excelente profissional de teatro, para melhor servir e desenvolver  a minha pequena comunidade, e também contribuir para o desenvolvimento descentralizado, das artes no meu pais em geral.

DESAFIOS

O ano anterior à minha mobilidade foi pouco proveitoso, em termos de aulas práticas e presenciais, devido à pandemia da convid-19, que nos obrigou a encerrar as oficinas para a prática do teatro, sendo que estávamos vindo do primeiro ano (calouros – que é ano de adaptação ao curso e ao ensino superior), são já equacionadas diversas perdas quase que irreversíveis, portanto, ao ser admitido no Programa Mobilidade AULP tive um primeiro contato muito mais profundo com o palco enquanto estudante, numa perspetiva internacional. Ainda nesta perspetiva, para mim foi bastante enriquecedor, poder estudar também, mais algumas cadeiras que de todo, não fazem parte do meu plano curricular, principalmente as de caráter (psicopedagógico ou didático), pois considero que são de suma importância, para dotar de conhecimentos o professor de teatro, com vista a trazer uma visão cada vez mais científica e acurada na matéria de toda uma trama teatral.

O curso de Artes Cénicas na minha universidade ainda é bastante recente, contendo apenas quatro anos, e sem ainda nenhum estudante graduado, e é muito prestigioso para o curso e para universidade ter estudantes admitidos num projeto desta envergadura. Partilhar essa alegria com os meus colegas, em especial com todos os nossos docentes, que se desdobram para tudo fazer de modo a nos transmitir os seus conhecimentos, numa área bastante embrionária e muito sensível dentro da nossa faculdade, sua motivação, espírito de sacrifício, foi muito preponderante para que muitos estudantes não desistissem no primeiro ano, e graças a essa força e motivação, é que logo no primeiro ano, concorri e conquistei o primeiro prémio nas jornadas científicas, a nível do curso em 2019.

O grande desafio que enfrentei foi de ter que passar toda a mobilidade estudando no formato online, por causa da pandemia, foi muito duro para mim, queria ter um contacto real com os colegas e professores, o que não foi possível, senão, com os mais achegados. O meu maior desafio era transitar com notas superiores em todas as disciplinas e isso foi bem conseguido. Gostei muito de estudar Pedagogia do Teatro e Performance. Aprendi muitas coisas novas nestas componentes curriculares, sem ditar o mérito as outras cadeiras, também amei todas as minhas professoras, eram todas muito inteligentes e acolhedoras.

RECOMENDAÇÕES

Importa também, aludir acerca da situação económica de muitos estudantes africanos para a aquisição dos vistos e dos seguros de saúde, seria um grande alívio para as famílias se após a receção da “Carta de aceite” da instituição de acolhimento a AULP ajudasse num valor simbólico para o trâmite dos vistos.

Outra questão não menos importante, está relacionada com as primeiras viagens, é muito complicado viajar sozinho pela primeira vez e ter que enfrentar a imponência dos aeroportos internacionais além continente, seria bom que houvesse assistentes do programa para ajudar os estudantes que viajam pela primeira vez dentro dos aeroportos, ou uma pequena capacitação antes da viagem, para saberem como seguir até chegar ao destino.

Finalizo dizendo que o PROCULTURA é “maning nice” eu quero mais.

Repito com letras garrafais, o PROCULTURA É “MANING NICE”.

Bem haja AULP;

Bem haja PROCULTURA;

Bem haja Instituto Camões;

Bem haja UP-Maputo;

Bem haja UFU-Brasil.

Lista de Instituições de Ensino Superior participantes:

Angola:

Brasil:

Cabo Verde:

Guiné-Bissau:

Macau (RAEM, China):

Moçambique:

Portugal:

São Tomé e Príncipe:

Timor-Leste: